Quer me conhecer?

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Juazeiro, Bahia, Brazil
Em todos os lugares nos pedem definições de nós mesmos. Nas redes e mídias sociais, nas escolas, até nas rodas de bate-papo com amigos ou com estranhos. A maioria das pessoas tem uma necessidade estranha de saber quem é o outro e de se auto-definir em retas perpendiculares. Quem sou, o que gosto de comer, o que gosto de ouvir, de ver, de pegar, de quem eu gosto... São perguntas muito secas, diretas, com o objetivo de definir um ser, mas que acabam por deixá-lo ainda mais vago. Por isso, quem sou eu? Sou uma eferverscência de preferências mutáveis. Mudo com facilidade e essa é a minha maios qualidade e o meu maior defeito.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Quando a vida privada se torna pública.


A segurança ou o esconderijo que as quatro paredes representavam parece ter caído. Pelo menos é o que aponta uma micro pesquisa realizada com jovens de Petrolina, Pernambuco e de Juazeiro, Bahia. Determinados comportamentos, como namoro ou outros afetos, antes restritos a um círculo dos “mais próximos” ou longe da própria “consciência”,hoje são publicizados em páginas virtuais, You Tube e Orkut. Além disso, há, ainda, uma substituição do carinho real pela satisfação passageira dos “bate-papos ou páginas de convivência.
Nunca antes o acesso a materiais, livros foi tão fácil. Mas também nunca o desinteresse e a pressa foram tão preponderantes na vida da sociedade.A pesquisa, feita com adolescente dentre 14 e 16 anos, optou por indiscriminar seus entrevistados. Sem considerar classe, sexo, cor, ela revelou que 63% usa a internet como meio de conhecer alguém, outros 67% dizem que fazem de suas “páginas” diários, em que qualquer pessoa pode acessar suas fotos, vídeos, confissões. “Conheci meu namorado no Orkut”, revela a jovem Andressa Sodré. A jovem confessa, porém, que já teve sérios desentendimentos com seu namorado por conta de recados e depoimentos deixados por outras pessoas em sua página ou na de seu companheiro.
Para a pedagoga Alcione Toledo este comportamento afeta inclusive o processo de educação desses jovens. Segundo a educadora, diversas vezes já teve problema com alunos que passam a aula escutando i-pod, ou os pais que a procuram porque não conseguem “desligar” seus filhos da internet. “Houve uma vez que uma mãe me procurou para que eu a ajudasse, porque há dois dias conversava com o filho pelo Messenger”. O detalhe é que ele estava trancado no quarto. “Há uma mudança de comportamento, hoje, os adolescentes são mais frágeis, apesar das aparências. São tímidos e usam da tecnologia para criar seus personagens e fugirem de suas responsabilidades ou de suas limitações”.
Já para a professora e doutora, Giovanna de Marco, há uma mercantilização dos afetos. O que vale mais não é que se beijou, mas, antes, quantos. Para ela, a sociedade atual se faz de maneira distinta da geração anterior. Jovens sentem-se cada vez mais a vontade de buscar na virtualidade, a satisfação de ânsias e desejos reais. A velocidade e a sensação de que a todo momento está acontecendo algo e de que é “preciso” está atualizado faz com que as pessoas, principalmente, os jovens busquem o momento, e não a continuidade, argumenta a professora. Outro ponto desta mercantilização é sua publicização ou “venda”. “A quantidade de “ficantes” virou moeda de troca em uma adolescência marcada pela idéia de felicidade associada à popularidade.
Outro resultado da pesquisa aponta que os sites mais visitados por eles são as páginas dos próprios amigos. Apenas 20% dos entrevistados fazem da internet uma ferramenta para potencializar seus estudos. Há uma opinião de que a tecnologia afetou a capacidade do indivíduo de criticar, ler, falar.
Na realidade, o que há é um “não uso” da tecnologia. Suas potencialidades são múltiplas. Seus usos é que tendem a ser restritos, opina o professor Vlader Nobre. “Nunca antes o acesso a materiais, livros foi tão fácil. Mas também nunca antes o desinteresse e a pressa foram tão preponderantes na vida da sociedade”, completa.
Se para o bem ou para o mal, a privacidade tem a sustentabilidade de um duplo clique. A forma de relacionamentos e os interesses dos jovens não têm mais a mesma lógica das gerações que resguardavam seus sentimentos.

Diego Alcântara

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