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Juazeiro, Bahia, Brazil
Em todos os lugares nos pedem definições de nós mesmos. Nas redes e mídias sociais, nas escolas, até nas rodas de bate-papo com amigos ou com estranhos. A maioria das pessoas tem uma necessidade estranha de saber quem é o outro e de se auto-definir em retas perpendiculares. Quem sou, o que gosto de comer, o que gosto de ouvir, de ver, de pegar, de quem eu gosto... São perguntas muito secas, diretas, com o objetivo de definir um ser, mas que acabam por deixá-lo ainda mais vago. Por isso, quem sou eu? Sou uma eferverscência de preferências mutáveis. Mudo com facilidade e essa é a minha maios qualidade e o meu maior defeito.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

1 ano como Técnico Agrícola

Hoje (29/11/2009) completa exatamente um ano que a turma que ingressou na Escola Agrotécnica de Juazeiro em março de 2005 possui o diploma de Técnicos Agrícolas com Habilitação em Agropecuária. De lá para cá muita coisa mudou. As cabeças mudaram; os laços sociais mudaram; nossas responsabilidades aumentaram; a direção da escola mudou; e até o nome da escola (em um ato desrespeitoso – quanto a isso falarei a diante) mudou – parece que a filosofia também mudou.

Quando, em 2005, chegamos de cara enfrentamos uma greve pouco convencional no ensino de base brasileiro; os estudantes se reuniram para salvar a E.A.J. (como carinhosamente conhecida) e assim destituíram a diretora da época. Um começo um tanto conturbado para nós que tínhamos no máximo 17 anos, mas não sabíamos ainda que enfrentassem outra greve e inúmeras outras dificuldades como a falta de estrutura que, aliás, foi uma das únicas coisas que não mudou.

Sem nenhuma alusão à campanha de Issac – que é capa-gato – falarei daquelas mudanças que citei anteriormente. 1 ano após a conclusão do curso notamos facilmente como a vida nos faz mudar,fomos despidos de toda inocência que a adolescência e o universo escolar nos permite (não me refiro a sexo porque neste quesito nunca fomos santos),no mercado de trabalho tudo muda.O mercado é voraz e a nossa sobrevivência nele depende de nossa maturidade (que foi sempre trabalhada ainda na escola pelos nossos mestres).Sou testemunha da mudança ocorrida com meus AMIGOS desde a chegada até hoje 1 ano depois da saída.

AMIGOS. Sem dúvidas é o maior bem que conquistei na E.A.J., mas já sabíamos que isso ia acontecer: cada um tinha sua meta, cada um seguiu para caminhos diferentes. Nossos laços afetivos não são mantidos nem por telefone, nem por internet; nossos laços são mantidos pela certeza de que poderemos contar SEMPRE uns com os outros. Foram estes caminhos diferentes que ocasionaram a mudança dos laços sociais, repito sociais, porque os afetivos só foram aumentados. E como nada é perfeito, as amizades falsas também existiram e foram importantes para a nossa formação.

A direção da escola mudou e, por meios democráticos, prevaleceu a vontade da maioria. José Valdo é o nome do atual diretor. Com a nova direção foi posta em prática uma proposta que já era discutida enquanto estávamos lá (turma de 2005) a mudança de nome da Agrotécnica de Juazeiro, tendo como justificativa a desculpa de que este nome (Agrotécnica) não contemplava os outros cursos implantados em 2006. O nome?Não sei nem escrever, na verdade tá mais para xingamento; o fato é: essa atitude é vista como uma falta de respeito para com a instituição que acompanhou e contribui muito para o desenvolvimento o Vale do São Francisco e, consequentemente, do Brasil. Foi formando técnicos agrícolas que a Agrotécnica de Juazeiro conquistou o respeito que tem hoje na sociedade e não convém simplesmente trocarem o nome desta forma. Não podemos esquecer-nos das palavras da professora Jussara: “muda de nome, mas a essência continua a mesma”.

Porém, ao que me parece, a essência também mudou. Chegou na E.A.J. uma turma nova de professores cheios de gás,com vontade de trabalhar;isso é o que pensávamos,mas pessoas que ainda estão lá confessam que não é bem assim.Reuniões para discutir projetos escolares em mesa de bar,atividades “teoricamente” elaboradas por professor,mas na verdade é “Ctrl+c,Ctrl V” de alguns sites;enfim,a E.A.J. está entregue nas mãos de gente sem vontade ou sem capacidade.

1 ano como técnicos e tanta coisa mudou MINHA gente. Só tenho a lamentar por quem não viveu os tempos áureos da eterna Escola Agrotécnica de Juazeiro.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A crise,segundo Einstein


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar ‘superado’. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência... Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um..."

sábado, 27 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rádio-pirata X Rádio-poste

O desmanche de rádios-piratas no Brasil vem sendo noticiado frequentemente nos últimos tempos nos meios de comunicação. Por estar em evidência na mídia as rádios piratas estão sendo confundidas com as rádios-poste (que é o caso do Sistema de Comunicação da Associação - SICA).E para tentar desfazer esse mal entendido começaremos por definir rádio-pirata e rádio-poste tomando como base o trabalho da jornalista formada Maria Ivanúcia Lopes da Costa e do mestre em Ciências da Educação e professor de jornalismo Faculdades Integradas de Patos Edson Alves da França.
Rádio-pirata: Uma rádio-pirata é uma estação de radiodifusão em situação ilegal por não ter autorização de funcionamento expedida pelas autoridades governamentais competentes. As rádios-piratas são radiodifusoras não-autorizadas cujo sinal tem potência suficiente para atingir potenciais ouvintes.O termo rádio-pirata nasceu nos anos 60, quando jovens inglesesinconformados com o monopólio estatal sobre os meios de comunicação e revoltados com a programação das emissoras oficiais, montaram uma estação sonora em um navio na costa britânica.
Rádio-poste: Funcionam, na verdade, como um sistema de amplificação, ou seja, de transmissão local de curto alcance, em que a mensagem transmitida é recebida por um receptor que decodifica os sinais levados pelo aparelho através de ondas curtas. Contudo, os alto-falantes acabam limitando o campo da recepção, já que apenas amplificam os sons.Sobre o sucesso das rádios - poste no Brasil os autores fazem a seguinte reflexão: “A eficácia e a atuação dos sistemas de rádio no Brasil não dependem apenas dos aspectos tecnológicos ou da legislação em vigor. É preciso lembrar que o processo depende muito mais da criatividade dos atores sociais e da necessidade de participação nos veículos de comunicação. Isso justifica a multiplicidade dos meios alternativos que surgiram ao longo dos anos para promover a abertura dinâmica dos veículos para a participação popular, como por exemplo, a proliferação de alto-falantes e difusoras.”
Espero que essas colocações tenham contribuído para a diminuição das dúvidas dos leitores sobre a diferença entre rádio-pirata e rádio-poste. Percebemos depois de leituras que em um ponto as rádios - piratas e as rádios-poste são congruentes: Na vontade de se comunicar de forma alternativa.Termino meu texto com uma definição do que é o para mim SICA encontrado no texto de Maria Ivanucia: “Uma reação popular, humilde – mas profundamente honesta e coerente, com gosto de povo, à falsa elite e a linguagem pernóstica, falsamente acariocada, que os jovens ‘comunicadores’ das rádios particulares insistem em impor junto aos ouvintes.”

sábado, 6 de junho de 2009


O filme Vidas Secas é uma das produções cinematográficas brasileiras mais respeitadas em todo mundo. Baseado na obra literária homônima, este é, segundo a Wikipédia, o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca. O filme foi rodado sobre a direção de Nelson Pereira dos Santos e conta a história muito conhecida de retirantes nordestinos (Fabiano e sua família) forçados pela seca, comum e característica da região nordeste do Brasil, a buscar meio de sobreviver em outra região.
Este filme foi lançado em 1963 e é, antes de tudo, uma denúncia das condições subumanas enfrentadas pelas pessoas marginalizadas da região abordada no filme. Mostrando a todo momento a falta de perspectiva daquela família com relação a uma vida melhor,o longa traz imagens fortes e bem captadas,o que emociona até os menos emotivos.
Isso é uma característica desta película: a mistura entre a dor passada pela trágica história e a poesia que rodeia esta mesma história. O sol onipotente surgindo no horizonte se confronta com impotência de Fabiano diante da situação de sua família. A árvore no canto da imagem resistindo à seca e uma família caminhando sem rumo resistindo à falta de esperança que a situação daquela árvore lhes traz. Toda essa poesia proporcionada, principalmente, pela genial atuação dos responsáveis pela fotografia: Luís Carlos Barreto e José Rosa.
Outra característica importante da película Vidas Secas é a fidelidade a realidade retratada. Quem assiste ao filme e conhece o sertão, logo se identifica com a produção. O cenário é uma reprodução quase que perfeita do que é visto no interior do nordeste, isso faz com que os espectadores se envolvam com as cenas que passam bem devagar, permitindo ao público um processamento precioso da informação passada.
Vidas Secas é uma das preciosidades do cinema brasileiro. O elenco é admirável e o que deixa ainda mais este elenco tão especial é a atuação ímpar da cadela Baleia que é indispensável tanto no livro de Graciliano Ramos, quanto no filme de Nelson Pereira dos Santos e foi levada à premiação francesa de Cannes.
Vidas Secas, o livro, é uma obra literária que não pode deixar de ser lida por estudantes e Vidas secas, o filme, é uma obra cinematográfica que não pode deixar de ser assistida pelos amantes da sétima arte.

O filme “3 colegas de batina” foi lançado em 1960.Dirigido por Darcy Evangelista e distribuído pela Cinedistri,esta produção traz uma dura critica social mesclada com uma boa dose de humor.Seu elenco conta com a participação de grandes nomes como Ary Barroso,Chacrinha,entre outros e jovens promessas que se tornariam grandes estrelas do cinema brasileiro como Eliana Macedo.
A história gira em torno da obra de urbanização do Morro do Cantagalo no Rio de Janeiro que é encabeçada pelo Frei Martin e que segue de mal a pior. Tentando ajudar no andamento do projeto uma jovem católica nota o dom de três padres-vividos pelo Trio Irakitan-para a música e os convence a cantar em um show de calouros, que nessa época (meados dos anos 60) fazia muito sucesso em todo o país e que oferecia uma boa quantia em dinheiro para quem o vencesse.Os jovens padres oferecem resistência no inicio, mas acabam aceitando a proposta de se apresentarem disfarçados neste programa. Entretanto, o sucesso é tanto que logo recebem a proposta de gravar um disco e de se apresentarem em uma boate da cidade.
Em meio a esses acontecimentos, as pessoas envolvidas no projeto social buscam o apoio de empresários para a continuação das obras na favela, o que não é nada fácil. A todo o momento o filme mostra o contraste entre as realidades das famílias abastadas e das pessoas da favela através de cenas, porém neste momento é evidenciado o descaso de um rico empresário para com a comunidade da favela.
Outras passagens do filme fazem duríssimas criticas a desigualdade social e ao preconceito das pessoas moradoras de outras regiões para com as pessoas do morro. Como por exemplo, no sermão que inicia o filme que fala sobre este preconceito que está presente, inclusive, entre os membros da igreja e na cena da fila do consultório médico que mostra as dificuldades encontradas pelas pessoas mais humildes em conseguir uma consulta médica ou um atendimento na previdência social que é (não sei se intencionalmente) seguida de uma cena onde a jovem tenta ensinar as crianças a soletrar a palavra “Brasília”.
Enquanto todos estes fatos estão em curso, o trio de padres continua se apresentando “camufladamente” na boate e conseguindo verba para que o projeto no morro não pare, até que seu sucesso é tão estrondoso que vai parar nas capas de jornais fazendo com que todos fiquem sabendo das suas atividades fora do convento. Assim, os jovens vivem a ameaça de serem expulsos da igreja, no entanto tudo acaba bem e eles continuam a sua missão de evangelização.
Esta produção é da grande época das chanchadas que eram consideradas sem muito valor cultural, todavia caíram no gosto do público e fizeram grande sucesso. “3 colegas de batina” demonstrou na década de 60 a difícil peleja pela humanização das condições de vida nas favelas,peleja esta que continua até hoje e que nunca alcançou seu principal objetivo que é tornar digna a vida nos altos dos morros e nas periferias brasileiras.

domingo, 12 de abril de 2009

Individuo e cultura

Acreditou-se, no fim da década de 60 do século passado com a chamada “sociedade pós-industrial”, que a individualidade teria mais espaço para se mostrar. Entretanto, o que a gente viu acontecer foi uma hipermassificação que intimida qualquer atitude individual. O capitalismo tomou conta de tudo. A cultura mais do que nunca é vista e concebida como um produto meramente comercial o que contribui para uma padronização dos movimentos “culturais”.
Um mecanismo utilizado pelo capitalismo para padronizar a cultura são as marcas. Estas têm o poder de afastar qualquer estilo de vida fora do padrão. Através da racionalidade sistemática do marketing, as marcas são transformadas em “bíblias” que ditam as regras para a sociedade. O marketing, como o entendeu Deleuze, transformou-se no “instrumento do controle social”.
Esse fato da individuação ser castrada na nossa sociedade faz com que as pessoas vivam uma vida completamente angustiante. Sem identidade cultural estas se sentem como se fossem um “nada existencial”, e isso é muito perigoso para todos: Richard Durn, o assassino de oito integrantes do conselho municipal de Nanterre, escreveu em seu diário que precisou “fazer o mal para, ao menos uma vez em [sua] vida, experimentar o sentimento de existir”.Isso mostra que a ausência de individuação, e, portanto, de existência é muito perigosa para qualquer ser.
Os meios de comunicação tem nos enfiado “goela abaixo” os padrões criados pela indústria cultural, os padrões da cultura de massa. Isso tem feito com que, cada vez mais, os movimentos da cultura popular se esvaeçam, principalmente os do Norte e do Nordeste do país (Brasil), fazendo com que o povo perca sua razão cultural de existir. Assim, manifestações muito comuns nessas regiões em épocas passadas, perdem espaço para os produtos e algumas até desaparecem.
È preciso repensar a relação individuo - cultura levando em consideração o efeito da mídia sobre esta. Não podemos mais aceitar que a mídia regre a nossa vida, que modifique os nossos hábitos como faz. Precisamos assumir a nossa identidade cultural e valorizar mais o que é nosso.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Discriminação racial nos E.U.A.


A história da discriminação racial nos Estados Unidos é cheia de episódios tristes e se confunde até com a história do próprio país. Essa é uma nação que até pouco tempo não permitia que negros sentassem nos bancos da frente dos ônibus públicos; Essa é uma pequena exemplificação do que aconteceu naquele país.
Com o fim da Guerra Civil Americana,quando o país entrou em reconstrução (1865), muitos Estados americanos adotaram leis que instituíam um sistema legal de segregação racial, e instituía os afro-americanos como cidadãos americanos de segunda classe. Cerca de 4,5 mil afro-americanos foram linchados nos Estados Unidos entre 1882 e o início da década de 1950.
Essa situação dos negros nos Estados Unidos começou a melhorar no fim da década de 50 do século passado, quando teve inicio o Movimento dos Direitos Civis para os Negros Norte-Americanos,que durou 13 anos (1955-1968). Esse movimento consistia em conseguir reformas nos Estados Unidos visando a abolir a discriminação e a segregação racial no país.
O filme “Mississipi Burning” se passa nessa época, mais precisamente no ano de 1964, quando ocorreu o episódio que ficou conhecido como “O Verão da Liberdade”. Durante os meses de verão de 1964, férias escolares nos Estados Unidos, um grupo de mais de cem estudantes voluntários pelos direitos civis do norte do país, brancos e negros, dirigiram-se ao sul para iniciar uma campanha pelo direito de voto negro e para a formação de um partido pela liberdade do Mississipi.Três deles acabaram assassinados pela Ku Klux Klan em conluio com autoridades policiais da cidade de Filadelfia, Missisipi.
Nessa época os negros tinham vários de seus direitos negados,como por exemplo o direito de voto,por serem considerados cidadãos americanos de segunda classe.E essa situação de discriminação permanece até os dias atuais,não só nos E.U.A.,impregnado a muitas culturas.

Jadnaelson

segunda-feira, 16 de março de 2009

Quando a vida privada se torna pública.


A segurança ou o esconderijo que as quatro paredes representavam parece ter caído. Pelo menos é o que aponta uma micro pesquisa realizada com jovens de Petrolina, Pernambuco e de Juazeiro, Bahia. Determinados comportamentos, como namoro ou outros afetos, antes restritos a um círculo dos “mais próximos” ou longe da própria “consciência”,hoje são publicizados em páginas virtuais, You Tube e Orkut. Além disso, há, ainda, uma substituição do carinho real pela satisfação passageira dos “bate-papos ou páginas de convivência.
Nunca antes o acesso a materiais, livros foi tão fácil. Mas também nunca o desinteresse e a pressa foram tão preponderantes na vida da sociedade.A pesquisa, feita com adolescente dentre 14 e 16 anos, optou por indiscriminar seus entrevistados. Sem considerar classe, sexo, cor, ela revelou que 63% usa a internet como meio de conhecer alguém, outros 67% dizem que fazem de suas “páginas” diários, em que qualquer pessoa pode acessar suas fotos, vídeos, confissões. “Conheci meu namorado no Orkut”, revela a jovem Andressa Sodré. A jovem confessa, porém, que já teve sérios desentendimentos com seu namorado por conta de recados e depoimentos deixados por outras pessoas em sua página ou na de seu companheiro.
Para a pedagoga Alcione Toledo este comportamento afeta inclusive o processo de educação desses jovens. Segundo a educadora, diversas vezes já teve problema com alunos que passam a aula escutando i-pod, ou os pais que a procuram porque não conseguem “desligar” seus filhos da internet. “Houve uma vez que uma mãe me procurou para que eu a ajudasse, porque há dois dias conversava com o filho pelo Messenger”. O detalhe é que ele estava trancado no quarto. “Há uma mudança de comportamento, hoje, os adolescentes são mais frágeis, apesar das aparências. São tímidos e usam da tecnologia para criar seus personagens e fugirem de suas responsabilidades ou de suas limitações”.
Já para a professora e doutora, Giovanna de Marco, há uma mercantilização dos afetos. O que vale mais não é que se beijou, mas, antes, quantos. Para ela, a sociedade atual se faz de maneira distinta da geração anterior. Jovens sentem-se cada vez mais a vontade de buscar na virtualidade, a satisfação de ânsias e desejos reais. A velocidade e a sensação de que a todo momento está acontecendo algo e de que é “preciso” está atualizado faz com que as pessoas, principalmente, os jovens busquem o momento, e não a continuidade, argumenta a professora. Outro ponto desta mercantilização é sua publicização ou “venda”. “A quantidade de “ficantes” virou moeda de troca em uma adolescência marcada pela idéia de felicidade associada à popularidade.
Outro resultado da pesquisa aponta que os sites mais visitados por eles são as páginas dos próprios amigos. Apenas 20% dos entrevistados fazem da internet uma ferramenta para potencializar seus estudos. Há uma opinião de que a tecnologia afetou a capacidade do indivíduo de criticar, ler, falar.
Na realidade, o que há é um “não uso” da tecnologia. Suas potencialidades são múltiplas. Seus usos é que tendem a ser restritos, opina o professor Vlader Nobre. “Nunca antes o acesso a materiais, livros foi tão fácil. Mas também nunca antes o desinteresse e a pressa foram tão preponderantes na vida da sociedade”, completa.
Se para o bem ou para o mal, a privacidade tem a sustentabilidade de um duplo clique. A forma de relacionamentos e os interesses dos jovens não têm mais a mesma lógica das gerações que resguardavam seus sentimentos.

Diego Alcântara

Da Teoria Estética à sociedade




A indústria cultural, citada primeiramente por Adorno e Horkheimer em Dialética do Esclarecimento de 1947, foi chamada a grosso modo de cultura de massa, porém esse termo não correspondia já que tratava de uma cultura advinda da massa. Pôde-se então perceber que a cultura era imposta à massa através dos meios de comunicação, logo o verbete indústria caberia melhor com relação aos meios de comunicação de massa. A preocupação com a estética não é uma característica só da sociedade moderna a qual sofre a ação dos meios de comunicação. Desde a Grécia Antiga há uma inquietação com aquilo que agrada, com o que é belo.
Com relação à imposição pela mídia, Bárbara Freitag em seu livro A Teoria Crítica: Ontem e Hoje diz:
O horror gerado pelo regime nazista, a paralisação imposta pelas sociedades industriais massificadas, a estupidez da vida humana inserida em relações de trabalho e dominação que a transforma em acessório da máquina produtiva e do aparelho de dominação – tudo isso pode ser captado hoje no campo da estética. (FREITAG, 2004. p.81)

Na Teoria Estética, que para Adorno seria o único meio capaz de uma critica social consistente, a cultura é estudada como forma de mercadoria. A estética traduz-se por possuir propriedades necessárias e suficientes para que algo possa ser definido. Porém, historicamente, existem várias teorias quanto à estética, então como a sociedade midiática deseja impor padrões sobre o público de massa, já que estes são constantemente “inovados”? Ao falar sobre estética, a priori faz-se relação com a beleza. Então há de se discutir sobre padrões de beleza impostos pela indústria cultural. Lúcia do Vale1, em um de seus artigos na internet, com base nos estudos de Gilles Deleuze e Platão, diz que “para os gregos, o belo situava-se no embate entre as boas cópias e o simulacro”. Em uma análise sobre a mídia, nota-se que seus efeitos se aproximam, para não dizer que se igualam, da afirmação feita por Vale. A criação de um estereótipo propõe a beleza como algo universal, algo para ser compartilhado, assim como afirmava Kant (1790).
Além do padrão do belo, há também um estabelecimento, por parte da indústria cultural, de normas estéticas de comportamento. É imposta à sociedade a maneira de sentar-se à mesa, de falar em público, “atuação” em uma entrevista de emprego. Tais exemplos mostram o quanto a padronização está presente no meio social, e , portanto, pela qual é oferecida uma única opção para consumo, o que retorna ao conceito mercadológico da indústria cultural.

Amanda Pinto

A mídia e a estética


A preocupação com o belo já estava presente na vida das pessoas em tempos passados, mas nesta época tal preocupação estava mais ligada à produção artística. Já na sociedade atual a questão anteriormente citada não está atrelada apenas à produção artística, como também às pessoas, o seu modo de vestir, de ser, de se comportar etc. o que demonstra uma maior preocupação com a estética.
Porém, um problema em torno dessa questão é a influência que a indústria cultural faz através de seus atores, cantores, apresentadores, modelos e tantos outros profissionais que atuam em áreas relacionadas à mídia, a imposição de padrões de beleza cada vez mais inatingíveis.
O que a mídia apresenta serve de regra para o julgamento do que é ou não belo o que faz com que as pessoas busquem incessantemente adequar-se aos parâmetros estabelecidos por esta. A busca constante está promovendo várias conseqüências na sociedade.
Por exemplo, segundo a ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos- o Brasil ocupa a terceira posição no ranking de consumo de cosméticos, estando atrás apenas dos Estados unidos e do Japão, em 2007. Já a SBCP - Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica constatou em pesquisa realizada entre setembro de 2007 e agosto de 2008 que são realizadas 1,2 mil cirurgias plásticas por dia, ou seja, 547 mil cirurgias nesse período. No ano de 2004, foram realizadas no Brasil 629 mil cirurgias plásticas e de reparação. Nosso país ocupa a segunda posição no ranking dos países que mais fazem cirurgias plásticas, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Entretanto, esse culto à beleza não mexe só com o corpo, mas também com o psicológico. Patologias como a bulimia e a anorexia nervosa estão cada vez mais comuns nesta sociedade, onde o bonito é somente o que a mídia mostra.
Esses índices apontam que o povo brasileiro é vaidoso o que faz com que o mercado da estética mova milhões de reais todos os anos. Essa vaidade se acentua com ação dos meios de comunicação, especialmente da propaganda, mas também com a inovação estética, citada por Wolfgang em seu livro Critica da estética da mercadoria de 1936:
No setor têxtil, na indústria automobilística, nos gêneros alimentícios, nos eletrodomésticos, livros, remédios e cosméticos, as constantes inovações estéticas transformam de tal maneira o valor de uso que o consumidor fica atordoado. Nessas circunstâncias quase não adianta insistir na perspectiva do valor de uso. Essa tendência é inevitável no capitalismo. (HAUG, 1936, p57)

Todos esses dados evidenciam a ação da indústria cultural (Adorno e Horkheimer, 1947) sobre o comportamento das pessoas no que tange à estética. Ação está que promove um sentimento de impotência e de exclusão nos que delas querem se desviar, afinal a massificação promovida pela indústria cultural rejeita qualquer tipo de posicionamento contrário a esta.

Jadnaelson