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Juazeiro, Bahia, Brazil
Em todos os lugares nos pedem definições de nós mesmos. Nas redes e mídias sociais, nas escolas, até nas rodas de bate-papo com amigos ou com estranhos. A maioria das pessoas tem uma necessidade estranha de saber quem é o outro e de se auto-definir em retas perpendiculares. Quem sou, o que gosto de comer, o que gosto de ouvir, de ver, de pegar, de quem eu gosto... São perguntas muito secas, diretas, com o objetivo de definir um ser, mas que acabam por deixá-lo ainda mais vago. Por isso, quem sou eu? Sou uma eferverscência de preferências mutáveis. Mudo com facilidade e essa é a minha maios qualidade e o meu maior defeito.

sábado, 27 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rádio-pirata X Rádio-poste

O desmanche de rádios-piratas no Brasil vem sendo noticiado frequentemente nos últimos tempos nos meios de comunicação. Por estar em evidência na mídia as rádios piratas estão sendo confundidas com as rádios-poste (que é o caso do Sistema de Comunicação da Associação - SICA).E para tentar desfazer esse mal entendido começaremos por definir rádio-pirata e rádio-poste tomando como base o trabalho da jornalista formada Maria Ivanúcia Lopes da Costa e do mestre em Ciências da Educação e professor de jornalismo Faculdades Integradas de Patos Edson Alves da França.
Rádio-pirata: Uma rádio-pirata é uma estação de radiodifusão em situação ilegal por não ter autorização de funcionamento expedida pelas autoridades governamentais competentes. As rádios-piratas são radiodifusoras não-autorizadas cujo sinal tem potência suficiente para atingir potenciais ouvintes.O termo rádio-pirata nasceu nos anos 60, quando jovens inglesesinconformados com o monopólio estatal sobre os meios de comunicação e revoltados com a programação das emissoras oficiais, montaram uma estação sonora em um navio na costa britânica.
Rádio-poste: Funcionam, na verdade, como um sistema de amplificação, ou seja, de transmissão local de curto alcance, em que a mensagem transmitida é recebida por um receptor que decodifica os sinais levados pelo aparelho através de ondas curtas. Contudo, os alto-falantes acabam limitando o campo da recepção, já que apenas amplificam os sons.Sobre o sucesso das rádios - poste no Brasil os autores fazem a seguinte reflexão: “A eficácia e a atuação dos sistemas de rádio no Brasil não dependem apenas dos aspectos tecnológicos ou da legislação em vigor. É preciso lembrar que o processo depende muito mais da criatividade dos atores sociais e da necessidade de participação nos veículos de comunicação. Isso justifica a multiplicidade dos meios alternativos que surgiram ao longo dos anos para promover a abertura dinâmica dos veículos para a participação popular, como por exemplo, a proliferação de alto-falantes e difusoras.”
Espero que essas colocações tenham contribuído para a diminuição das dúvidas dos leitores sobre a diferença entre rádio-pirata e rádio-poste. Percebemos depois de leituras que em um ponto as rádios - piratas e as rádios-poste são congruentes: Na vontade de se comunicar de forma alternativa.Termino meu texto com uma definição do que é o para mim SICA encontrado no texto de Maria Ivanucia: “Uma reação popular, humilde – mas profundamente honesta e coerente, com gosto de povo, à falsa elite e a linguagem pernóstica, falsamente acariocada, que os jovens ‘comunicadores’ das rádios particulares insistem em impor junto aos ouvintes.”

sábado, 6 de junho de 2009


O filme Vidas Secas é uma das produções cinematográficas brasileiras mais respeitadas em todo mundo. Baseado na obra literária homônima, este é, segundo a Wikipédia, o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca. O filme foi rodado sobre a direção de Nelson Pereira dos Santos e conta a história muito conhecida de retirantes nordestinos (Fabiano e sua família) forçados pela seca, comum e característica da região nordeste do Brasil, a buscar meio de sobreviver em outra região.
Este filme foi lançado em 1963 e é, antes de tudo, uma denúncia das condições subumanas enfrentadas pelas pessoas marginalizadas da região abordada no filme. Mostrando a todo momento a falta de perspectiva daquela família com relação a uma vida melhor,o longa traz imagens fortes e bem captadas,o que emociona até os menos emotivos.
Isso é uma característica desta película: a mistura entre a dor passada pela trágica história e a poesia que rodeia esta mesma história. O sol onipotente surgindo no horizonte se confronta com impotência de Fabiano diante da situação de sua família. A árvore no canto da imagem resistindo à seca e uma família caminhando sem rumo resistindo à falta de esperança que a situação daquela árvore lhes traz. Toda essa poesia proporcionada, principalmente, pela genial atuação dos responsáveis pela fotografia: Luís Carlos Barreto e José Rosa.
Outra característica importante da película Vidas Secas é a fidelidade a realidade retratada. Quem assiste ao filme e conhece o sertão, logo se identifica com a produção. O cenário é uma reprodução quase que perfeita do que é visto no interior do nordeste, isso faz com que os espectadores se envolvam com as cenas que passam bem devagar, permitindo ao público um processamento precioso da informação passada.
Vidas Secas é uma das preciosidades do cinema brasileiro. O elenco é admirável e o que deixa ainda mais este elenco tão especial é a atuação ímpar da cadela Baleia que é indispensável tanto no livro de Graciliano Ramos, quanto no filme de Nelson Pereira dos Santos e foi levada à premiação francesa de Cannes.
Vidas Secas, o livro, é uma obra literária que não pode deixar de ser lida por estudantes e Vidas secas, o filme, é uma obra cinematográfica que não pode deixar de ser assistida pelos amantes da sétima arte.

O filme “3 colegas de batina” foi lançado em 1960.Dirigido por Darcy Evangelista e distribuído pela Cinedistri,esta produção traz uma dura critica social mesclada com uma boa dose de humor.Seu elenco conta com a participação de grandes nomes como Ary Barroso,Chacrinha,entre outros e jovens promessas que se tornariam grandes estrelas do cinema brasileiro como Eliana Macedo.
A história gira em torno da obra de urbanização do Morro do Cantagalo no Rio de Janeiro que é encabeçada pelo Frei Martin e que segue de mal a pior. Tentando ajudar no andamento do projeto uma jovem católica nota o dom de três padres-vividos pelo Trio Irakitan-para a música e os convence a cantar em um show de calouros, que nessa época (meados dos anos 60) fazia muito sucesso em todo o país e que oferecia uma boa quantia em dinheiro para quem o vencesse.Os jovens padres oferecem resistência no inicio, mas acabam aceitando a proposta de se apresentarem disfarçados neste programa. Entretanto, o sucesso é tanto que logo recebem a proposta de gravar um disco e de se apresentarem em uma boate da cidade.
Em meio a esses acontecimentos, as pessoas envolvidas no projeto social buscam o apoio de empresários para a continuação das obras na favela, o que não é nada fácil. A todo o momento o filme mostra o contraste entre as realidades das famílias abastadas e das pessoas da favela através de cenas, porém neste momento é evidenciado o descaso de um rico empresário para com a comunidade da favela.
Outras passagens do filme fazem duríssimas criticas a desigualdade social e ao preconceito das pessoas moradoras de outras regiões para com as pessoas do morro. Como por exemplo, no sermão que inicia o filme que fala sobre este preconceito que está presente, inclusive, entre os membros da igreja e na cena da fila do consultório médico que mostra as dificuldades encontradas pelas pessoas mais humildes em conseguir uma consulta médica ou um atendimento na previdência social que é (não sei se intencionalmente) seguida de uma cena onde a jovem tenta ensinar as crianças a soletrar a palavra “Brasília”.
Enquanto todos estes fatos estão em curso, o trio de padres continua se apresentando “camufladamente” na boate e conseguindo verba para que o projeto no morro não pare, até que seu sucesso é tão estrondoso que vai parar nas capas de jornais fazendo com que todos fiquem sabendo das suas atividades fora do convento. Assim, os jovens vivem a ameaça de serem expulsos da igreja, no entanto tudo acaba bem e eles continuam a sua missão de evangelização.
Esta produção é da grande época das chanchadas que eram consideradas sem muito valor cultural, todavia caíram no gosto do público e fizeram grande sucesso. “3 colegas de batina” demonstrou na década de 60 a difícil peleja pela humanização das condições de vida nas favelas,peleja esta que continua até hoje e que nunca alcançou seu principal objetivo que é tornar digna a vida nos altos dos morros e nas periferias brasileiras.