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Juazeiro, Bahia, Brazil
Em todos os lugares nos pedem definições de nós mesmos. Nas redes e mídias sociais, nas escolas, até nas rodas de bate-papo com amigos ou com estranhos. A maioria das pessoas tem uma necessidade estranha de saber quem é o outro e de se auto-definir em retas perpendiculares. Quem sou, o que gosto de comer, o que gosto de ouvir, de ver, de pegar, de quem eu gosto... São perguntas muito secas, diretas, com o objetivo de definir um ser, mas que acabam por deixá-lo ainda mais vago. Por isso, quem sou eu? Sou uma eferverscência de preferências mutáveis. Mudo com facilidade e essa é a minha maios qualidade e o meu maior defeito.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Por que não Ronaldinho na Copa?

Por Mauro Beting, colunista do Yahoo! Esportes

Ele chegou à casa da família, no Rio Grande do Sul, em julho. Só por lá poderia descansar e não ouvir todo azar de impropérios, cobranças, cornetadas, tudo de ruim pelo bom time que atuou muito mal na Copa do Mundo. Uma Seleção que tinha muito a jogar, e pouco jogou.

Ele não merecia pagar por tudo de péssimo como o único bagre expiatório. Mas como ser "esquecido" pela mídia colérica e pela arquibancada enfurecida? Só se enterrando na gleba gaúcha. Era noite quando as mágoas foram afogadas do lado de fora da casa. Era manhã quando acabou a sessão. Mas não foi só copo virado. Os familiares reviraram tudo que o craque da casa viu, ouviu, falou, calou, chorou na Copa. Tudo aquilo que ele prometeu mudar quatro anos depois:

- Só quero uma chance.

Foi o que Carlos Caetano disse ao pai Edelceu naquela longa noite de julho de 1990. Foi o que disse a si mesmo desde então. Se treinava dez, passou a treinar 100. Principalmente quando voltou à seleção, em 1993, com Parreira. Primeiro para ser reserva do meia Luís Henrique. Depois, para fechar um meio-campo aberto. Então, para calar as críticas severas sobre o discutido técnico e a técnica discutível da seleção nos Estados Unidos. Por último, para fazer o Brasil tanto gritar com o tetra quanto se calar pelas cornetas críticas.

Dunga venceu. Virou um jogo que parecia impossível naquela noite de julho de 1990. A maior virada da história do nosso futebol. Superior à superação de Gerson, execrado em 1966, meTRIficado em 1970.

O treinador do Brasil ganhou a oportunidade pelas mãos de Parreira, antes da Copa-94. Por que não as estender para outro Gaúcho que parecia ser o personagem destes primeiros parágrafos?

Caro Dunga, Ronaldinho só precisa da oportunidade que você teve em 1994 de se redimir de uma Copa frustrante como a de 1990. Você foi crucificado e estigmatizado, e deu a volta por cima das voltas por cima, capitaneando um ótimo grupo campeão mundial. Elenco que poderia ter sido ainda melhor se Parreira tivesse liberado um pouco mais o time. Apostando em talentos que não tiveram chance ou espaço.

Qual crime Ronaldinho teria cometido? Será que um cara bom de papo e de elenco poderia rachá-lo? Realmente temos gente para suprir uma eventual ausência de Kaká?

Você não estará arriscando a Copa e o pescoço, Dunga. Nem perderá a cabeça como a deixou em Bebeto, na Copa-98, dentro de campo. Dê essa oportunidade a Ronaldinho, Dunga. No mínimo será mais um para dividir a conta. Não custa nada. Ou, pior, pode só custar o mundo.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

1 ano como Técnico Agrícola

Hoje (29/11/2009) completa exatamente um ano que a turma que ingressou na Escola Agrotécnica de Juazeiro em março de 2005 possui o diploma de Técnicos Agrícolas com Habilitação em Agropecuária. De lá para cá muita coisa mudou. As cabeças mudaram; os laços sociais mudaram; nossas responsabilidades aumentaram; a direção da escola mudou; e até o nome da escola (em um ato desrespeitoso – quanto a isso falarei a diante) mudou – parece que a filosofia também mudou.

Quando, em 2005, chegamos de cara enfrentamos uma greve pouco convencional no ensino de base brasileiro; os estudantes se reuniram para salvar a E.A.J. (como carinhosamente conhecida) e assim destituíram a diretora da época. Um começo um tanto conturbado para nós que tínhamos no máximo 17 anos, mas não sabíamos ainda que enfrentassem outra greve e inúmeras outras dificuldades como a falta de estrutura que, aliás, foi uma das únicas coisas que não mudou.

Sem nenhuma alusão à campanha de Issac – que é capa-gato – falarei daquelas mudanças que citei anteriormente. 1 ano após a conclusão do curso notamos facilmente como a vida nos faz mudar,fomos despidos de toda inocência que a adolescência e o universo escolar nos permite (não me refiro a sexo porque neste quesito nunca fomos santos),no mercado de trabalho tudo muda.O mercado é voraz e a nossa sobrevivência nele depende de nossa maturidade (que foi sempre trabalhada ainda na escola pelos nossos mestres).Sou testemunha da mudança ocorrida com meus AMIGOS desde a chegada até hoje 1 ano depois da saída.

AMIGOS. Sem dúvidas é o maior bem que conquistei na E.A.J., mas já sabíamos que isso ia acontecer: cada um tinha sua meta, cada um seguiu para caminhos diferentes. Nossos laços afetivos não são mantidos nem por telefone, nem por internet; nossos laços são mantidos pela certeza de que poderemos contar SEMPRE uns com os outros. Foram estes caminhos diferentes que ocasionaram a mudança dos laços sociais, repito sociais, porque os afetivos só foram aumentados. E como nada é perfeito, as amizades falsas também existiram e foram importantes para a nossa formação.

A direção da escola mudou e, por meios democráticos, prevaleceu a vontade da maioria. José Valdo é o nome do atual diretor. Com a nova direção foi posta em prática uma proposta que já era discutida enquanto estávamos lá (turma de 2005) a mudança de nome da Agrotécnica de Juazeiro, tendo como justificativa a desculpa de que este nome (Agrotécnica) não contemplava os outros cursos implantados em 2006. O nome?Não sei nem escrever, na verdade tá mais para xingamento; o fato é: essa atitude é vista como uma falta de respeito para com a instituição que acompanhou e contribui muito para o desenvolvimento o Vale do São Francisco e, consequentemente, do Brasil. Foi formando técnicos agrícolas que a Agrotécnica de Juazeiro conquistou o respeito que tem hoje na sociedade e não convém simplesmente trocarem o nome desta forma. Não podemos esquecer-nos das palavras da professora Jussara: “muda de nome, mas a essência continua a mesma”.

Porém, ao que me parece, a essência também mudou. Chegou na E.A.J. uma turma nova de professores cheios de gás,com vontade de trabalhar;isso é o que pensávamos,mas pessoas que ainda estão lá confessam que não é bem assim.Reuniões para discutir projetos escolares em mesa de bar,atividades “teoricamente” elaboradas por professor,mas na verdade é “Ctrl+c,Ctrl V” de alguns sites;enfim,a E.A.J. está entregue nas mãos de gente sem vontade ou sem capacidade.

1 ano como técnicos e tanta coisa mudou MINHA gente. Só tenho a lamentar por quem não viveu os tempos áureos da eterna Escola Agrotécnica de Juazeiro.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A crise,segundo Einstein


"Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar ‘superado’. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise da incompetência... Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um..."

sábado, 27 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Rádio-pirata X Rádio-poste

O desmanche de rádios-piratas no Brasil vem sendo noticiado frequentemente nos últimos tempos nos meios de comunicação. Por estar em evidência na mídia as rádios piratas estão sendo confundidas com as rádios-poste (que é o caso do Sistema de Comunicação da Associação - SICA).E para tentar desfazer esse mal entendido começaremos por definir rádio-pirata e rádio-poste tomando como base o trabalho da jornalista formada Maria Ivanúcia Lopes da Costa e do mestre em Ciências da Educação e professor de jornalismo Faculdades Integradas de Patos Edson Alves da França.
Rádio-pirata: Uma rádio-pirata é uma estação de radiodifusão em situação ilegal por não ter autorização de funcionamento expedida pelas autoridades governamentais competentes. As rádios-piratas são radiodifusoras não-autorizadas cujo sinal tem potência suficiente para atingir potenciais ouvintes.O termo rádio-pirata nasceu nos anos 60, quando jovens inglesesinconformados com o monopólio estatal sobre os meios de comunicação e revoltados com a programação das emissoras oficiais, montaram uma estação sonora em um navio na costa britânica.
Rádio-poste: Funcionam, na verdade, como um sistema de amplificação, ou seja, de transmissão local de curto alcance, em que a mensagem transmitida é recebida por um receptor que decodifica os sinais levados pelo aparelho através de ondas curtas. Contudo, os alto-falantes acabam limitando o campo da recepção, já que apenas amplificam os sons.Sobre o sucesso das rádios - poste no Brasil os autores fazem a seguinte reflexão: “A eficácia e a atuação dos sistemas de rádio no Brasil não dependem apenas dos aspectos tecnológicos ou da legislação em vigor. É preciso lembrar que o processo depende muito mais da criatividade dos atores sociais e da necessidade de participação nos veículos de comunicação. Isso justifica a multiplicidade dos meios alternativos que surgiram ao longo dos anos para promover a abertura dinâmica dos veículos para a participação popular, como por exemplo, a proliferação de alto-falantes e difusoras.”
Espero que essas colocações tenham contribuído para a diminuição das dúvidas dos leitores sobre a diferença entre rádio-pirata e rádio-poste. Percebemos depois de leituras que em um ponto as rádios - piratas e as rádios-poste são congruentes: Na vontade de se comunicar de forma alternativa.Termino meu texto com uma definição do que é o para mim SICA encontrado no texto de Maria Ivanucia: “Uma reação popular, humilde – mas profundamente honesta e coerente, com gosto de povo, à falsa elite e a linguagem pernóstica, falsamente acariocada, que os jovens ‘comunicadores’ das rádios particulares insistem em impor junto aos ouvintes.”

sábado, 6 de junho de 2009


O filme Vidas Secas é uma das produções cinematográficas brasileiras mais respeitadas em todo mundo. Baseado na obra literária homônima, este é, segundo a Wikipédia, o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca. O filme foi rodado sobre a direção de Nelson Pereira dos Santos e conta a história muito conhecida de retirantes nordestinos (Fabiano e sua família) forçados pela seca, comum e característica da região nordeste do Brasil, a buscar meio de sobreviver em outra região.
Este filme foi lançado em 1963 e é, antes de tudo, uma denúncia das condições subumanas enfrentadas pelas pessoas marginalizadas da região abordada no filme. Mostrando a todo momento a falta de perspectiva daquela família com relação a uma vida melhor,o longa traz imagens fortes e bem captadas,o que emociona até os menos emotivos.
Isso é uma característica desta película: a mistura entre a dor passada pela trágica história e a poesia que rodeia esta mesma história. O sol onipotente surgindo no horizonte se confronta com impotência de Fabiano diante da situação de sua família. A árvore no canto da imagem resistindo à seca e uma família caminhando sem rumo resistindo à falta de esperança que a situação daquela árvore lhes traz. Toda essa poesia proporcionada, principalmente, pela genial atuação dos responsáveis pela fotografia: Luís Carlos Barreto e José Rosa.
Outra característica importante da película Vidas Secas é a fidelidade a realidade retratada. Quem assiste ao filme e conhece o sertão, logo se identifica com a produção. O cenário é uma reprodução quase que perfeita do que é visto no interior do nordeste, isso faz com que os espectadores se envolvam com as cenas que passam bem devagar, permitindo ao público um processamento precioso da informação passada.
Vidas Secas é uma das preciosidades do cinema brasileiro. O elenco é admirável e o que deixa ainda mais este elenco tão especial é a atuação ímpar da cadela Baleia que é indispensável tanto no livro de Graciliano Ramos, quanto no filme de Nelson Pereira dos Santos e foi levada à premiação francesa de Cannes.
Vidas Secas, o livro, é uma obra literária que não pode deixar de ser lida por estudantes e Vidas secas, o filme, é uma obra cinematográfica que não pode deixar de ser assistida pelos amantes da sétima arte.

O filme “3 colegas de batina” foi lançado em 1960.Dirigido por Darcy Evangelista e distribuído pela Cinedistri,esta produção traz uma dura critica social mesclada com uma boa dose de humor.Seu elenco conta com a participação de grandes nomes como Ary Barroso,Chacrinha,entre outros e jovens promessas que se tornariam grandes estrelas do cinema brasileiro como Eliana Macedo.
A história gira em torno da obra de urbanização do Morro do Cantagalo no Rio de Janeiro que é encabeçada pelo Frei Martin e que segue de mal a pior. Tentando ajudar no andamento do projeto uma jovem católica nota o dom de três padres-vividos pelo Trio Irakitan-para a música e os convence a cantar em um show de calouros, que nessa época (meados dos anos 60) fazia muito sucesso em todo o país e que oferecia uma boa quantia em dinheiro para quem o vencesse.Os jovens padres oferecem resistência no inicio, mas acabam aceitando a proposta de se apresentarem disfarçados neste programa. Entretanto, o sucesso é tanto que logo recebem a proposta de gravar um disco e de se apresentarem em uma boate da cidade.
Em meio a esses acontecimentos, as pessoas envolvidas no projeto social buscam o apoio de empresários para a continuação das obras na favela, o que não é nada fácil. A todo o momento o filme mostra o contraste entre as realidades das famílias abastadas e das pessoas da favela através de cenas, porém neste momento é evidenciado o descaso de um rico empresário para com a comunidade da favela.
Outras passagens do filme fazem duríssimas criticas a desigualdade social e ao preconceito das pessoas moradoras de outras regiões para com as pessoas do morro. Como por exemplo, no sermão que inicia o filme que fala sobre este preconceito que está presente, inclusive, entre os membros da igreja e na cena da fila do consultório médico que mostra as dificuldades encontradas pelas pessoas mais humildes em conseguir uma consulta médica ou um atendimento na previdência social que é (não sei se intencionalmente) seguida de uma cena onde a jovem tenta ensinar as crianças a soletrar a palavra “Brasília”.
Enquanto todos estes fatos estão em curso, o trio de padres continua se apresentando “camufladamente” na boate e conseguindo verba para que o projeto no morro não pare, até que seu sucesso é tão estrondoso que vai parar nas capas de jornais fazendo com que todos fiquem sabendo das suas atividades fora do convento. Assim, os jovens vivem a ameaça de serem expulsos da igreja, no entanto tudo acaba bem e eles continuam a sua missão de evangelização.
Esta produção é da grande época das chanchadas que eram consideradas sem muito valor cultural, todavia caíram no gosto do público e fizeram grande sucesso. “3 colegas de batina” demonstrou na década de 60 a difícil peleja pela humanização das condições de vida nas favelas,peleja esta que continua até hoje e que nunca alcançou seu principal objetivo que é tornar digna a vida nos altos dos morros e nas periferias brasileiras.